Angioarquitetura
A angioarquitetura é uma técnica anatômica de resultado delicado, que consiste na injeção de resina plástica ou látex nos vasos sanguíneos de um órgão ou membro, submetendo posteriormente a peça à corrosão. Esse processo preserva os materiais injetados e evidencia seu trajeto pelo corpo, bem como suas ramificações.
Essa técnica auxilia no reconhecimento de variações anatômicas dos vasos sanguíneos, que podem ser de difícil percepção dependendo do calibre do vaso. Além disso, os estudos que mais a utilizam são os de angioarquitetura do fígado, para análise de sua conformação sanguínea, e pesquisas sobre malformações arteriovenosas (MAVs).
Essa é uma técnica amplamente explorada pelo LAMEM, que possui três peças expostas no Museu de Morfologia: um rim de porco (Sus scrofa domesticus Linnaeus, 1758), um fígado humano e um coração de frango (Gallus gallus domesticus), além de outras produções em andamento no laboratório.

Rim de porco (Sus scrofa domesticus Linneus 1758).

Angioarquitetura de vasos sanguíneos da mão direita de um cadáver humano.

Angioarquitetura de coração de frango (Gallus gallus domesticus).

Angioarquitetura de Rim humano.

Angioarquitetura dos vasos sanguíneos do joelho humano.

Angioarquitetura de válvula Aorta de cachorro (Canis lupus).
Para realizar essa técnica você vai precisar de:
- EPI: Jaleco, calça, calçados fechados, máscaras e luvas.
- Um órgão ou membro de seu interesse.
- Barbante.
- Agulha de diâmetro 1,20 x 40.
- Seringa
- Lixa de polimento ou de madeira
- Pinça homeostática
- Pinça histológica
- Água
- Resina polimérica ou látex
- Hipoclorito de sódio 12%.
- Soda caustica.
Ponto importante para um bom resultado: Busque conhecer a anatomia das estruturas e das espécies que você deseja resinar e utilize Hidróxido de sódio a 12%, pois outras soluções não funcionarão como desejado.
Por exemplo:
- Em corações de frango, é necessário realizar a punção da resina pela artéria subclávia mais calibrosa;
- Em órgãos humanos, é fundamental respeitar o sentido das válvulas dos vasos sanguíneos, realizando a punção arterial da região proximal para a distal e a punção venosa da região distal para a proximal.
Como realizar a técnica?
Vista o EPI necessário para a atividade em laboratório. Reconheça e separe o vaso sanguíneo mais calibroso, pois este será puncionado com resina. Com um barbante, faça nós nos demais vasos. Para essa etapa, você poderá utilizar o auxílio de pinças anatômicas a fim de manter os vasos estáticos durante a amarração.
Em seguida, encaixe a agulha no vaso sanguíneo não amarrado e prenda-a firmemente com um barbante (alguns vasos são mais sensíveis que outros, portanto, tome cuidado para não rompê-los). Com a seringa, injete uma pequena quantidade de água através da agulha para certificar-se de que não há furos ou vazamentos.
Depois, prepare a resina polimérica, retire a água da seringa e injete a resina através da agulha. Atente-se à quantidade necessária para preencher todo o vaso sanguíneo e suas ramificações, mas sem romper nenhum vaso ou ramificação. Em caso de vazamento ou rompimento, interrompa o procedimento e reinicie com outra peça.
Se tudo correr bem, prepare a solução de corrosão. As quantidades de cloro e soda cáustica dependerão do tamanho da peça ou membro. Misture uma parte de água com uma parte de cloro e soda cáustica. Faça a imersão da peça, reserve-a e observe: a corrosão não deve demorar.
Após, retire a peça resinada da solução, fixe-a em uma base de sua preferência e exponha-a no local desejado.
Referências:
Silva, V. A. da; MIRANDA, J S. de BRITO, M. V. H. Técnica para preparo angioarquitetônico hepático de ratos. Acta Cirúrgica Brasileira, v 15., n 3, p. 177-181, 2000.
SILVA, Antônio Barbosa da; BITTENCOURT, Alexandre Motta. Malformação arteriovenosa cerebral: estudo da angioarquitetura em indivíduos da região Nordeste do Brasil. 2005. Dissertação (Mestrado em Patologia) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2005.