ESTUDO DESCRITIVO E BIOMÉTRICO DA PONTE DE MIOCÁRDIO EM HUMANOS E POSSÍVEIS RELAÇÕES CLÍNICAS

 AUTORIA DE: Christopher Nedel Christofoletti1, Carla Gabrielli1, Cristiane Meneghelli1, Thiago Medeiros Rocha1, Livia Felicio Andrade1, Diego Martins1.

1. Departamento de Ciências Morfológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.
Autor correspondente: christophernedel@gmail.com

Introdução: A ponte miocárdica (PM) é uma variação congênita caracterizada pelo mergulho de uma porção dos vasos coronários no miocárdio, sendo mais frequente a do ramo interventricular anterior. A incidência da PM é variável dependendo do método de análise. Em necropsias evidenciou-se entre 40 e 80% dos indivíduos. Em exames de imagem foi documentada em 1,5% a 16% dos pacientes. Geralmente a presença da PM é assintomática e considerada uma condição benigna. Todavia as manifestações clínicas relacionadas à PM em pacientes descritas na literatura são controversas e dependem de diversos fatores morfofuncionais relacionados à PM. Dentre eles, pode-se citar o comprimento e espessura da PM, calibre da artéria envolvida na PM e quantidade de tecido conectivo ou adiposo relacionado à PM.

Objetivo: Analisar a frequência e a extensão da PM, o calibre externo e o comprimento do vaso coronário envolvido, proximal à PM, em 63 corações do Laboratório de Anatomia Humana da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). 

Método: Estudo observacional e registro biométrico (com escalímetro Waleu®) da PM e dos vasos coronários relacionados em corações previamente dissecados e conservados em glicerina vegetal bidestilada USP P.A. (Quimidrol®).

Resultados: A PM foi observada em dois corações (3,17%), situada em ambos no ramo interventricular anterior (IVA). No primeiro, o ramo IVA teve um comprimento proximal à PM de 35 mm, um diâmetro externo de 4 mm, e a PM, uma extensão de 12 mm. No segundo, o ramo IVA teve um comprimento de 38 mm, um diâmetro de 5 mm, e a PM, uma extensão de 17 mm. A literatura disponível relaciona a presença da PM a aterosclerose em vasos coronários, arritmias, angina e até mesmo morte súbita. Em contrapartida, outros autores sugerem que a presença da PM não representa complicações, inclusive que tal variação poderia auxiliar no bombeamento do sangue pelo vaso coronário durante a contração do miocárdio.

Conclusão: A frequência da PM nos corações pertencentes ao Laboratório de Anatomia da UFSC foi baixa, em contraponto àquela apresentada na literatura em cadáveres. A literatura não possui consenso claro sobre as implicações clínicas relacionadas à presença da PM em pacientes.

Descritores: Anatomia humana. Coração. Artérias coronárias. Variação anatômica. Ponte miocárdica.