PARAFINIZAÇÃO COMO TÉCNICA DE CONSERVAÇÃO MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Autoria de: Thiago Medeiros Rocha¹, Gabriela Roecker Schleicher²,  Maria Eduarda Silva Varela², Valenthina Baptistoti Sá², Thayná Ventura³, Lívia Felicio Andrade¹.

1.Departamento de Ciências Morfológicas (MOR), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

2.Graduação em Farmácia e Ciências Biológicas da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

3.Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, Florianópolis, SC, Brasil.

Introdução: O uso de peças anatômicas naturais é essencial para o ensino e pesquisa em anatomia. A conservação do material é desafiadora já que danos às estruturas anatômicas durante o manuseio em aulas práticas são comuns, devido à fragilidade do tecido nervoso. Para a conservação, há diferentes métodos tradicionais, como a conservação em formol, que possui como desvantagens a toxicidade e o enrijecimento dos tecidos, além da técnica de plastinação,  ideal para a conservação de peças do sistema nervoso central, mas que também pode apresentar contratempos como: alto custo dos polímeros, toxicidade elevada, necessidade de equipamentos especiais e espaço físico adaptado. Assim, a técnica de parafinização modificada surge como uma alternativa para preservar a integridade estrutural das peças anatômicas, minimizando os custos e os riscos à saúde dos usuários.

Relato de experiência: Experimento realizado no Laboratório de Anatomia do Departamento de Ciências Morfológicas (CCB-UFSC). Inicialmente, o encéfalo (conservado em formol) foi dissecado para evidenciar estruturas anatômicas – corpo caloso, lobo da ínsula, glândula pineal, tronco cerebral e cerebelo. As meninges encefálicas foram retiradas para melhor visualização dos sulcos e giros. Em seguida, a peça passou por um processo de desidratação em soluções alcoólicas com concentrações crescentes (70%, 80% e 92,8%) e, por último, acetona. As trocas de solução ocorreram a cada três dias. Após essa etapa, a peça foi cuidadosamente seca com papel toalha e submersa em parafina pré-aquecida a 65°C por cinco horas. Posteriormente, o encéfalo foi acondicionado em uma caixa contendo glicerina PA e mantido até o dia seguinte, quando foi novamente imerso na parafina – processo repetido quatro vezes. Após a última impregnação, a peça foi armazenada em glicerina por 30 dias, seguindo para a fase de acabamento, em que a peça foi disposta em uma estufa pré-aquecida (65°C) por 15 minutos para facilitar o processo de remoção do excesso de parafina com auxílio de papel toalha.

Conclusão: O encéfalo tratado com parafina e glicerina apresentou maior resistência a danos, maior rigidez, facilitando a manipulação. Foi observado ausência de odores tóxicos, além de uma preservação estrutural superior quando comparado a métodos tradicionais, mostrando-se uma alternativa viável para a conservação macroscópica de peças do sistema nervoso central, com maior durabilidade e segurança para manipulação.

Descritores: Sistema Nervoso, Fixadores, Anatomia, Técnicas Anatômicas, Morfologia.