Dissecação de Fígado; Estômago, Pâncreas e Duodeno; Hemi Pelve feminina, por Giovane Correa de Almeida.
INTRODUÇÃO
O projeto de dissecação é uma atividade criada pelo Laboratório de Manutenção de Esqueletos e Macromodelos que tem o intuito de aprimorar os conhecimentos básicos sobre o conteúdo de anatomia humana. A participação é aberta à receber mais voluntários que tenham o interesse de estudar a morfologia de perto, aplicação das técnicas usuais para a dissecação e a prática de atividades no LAMEM.
No relatório, terá a síntese das informações de três peças anatômicas como o fígado, o conjunto de pâncreas, estômago e duodeno, e uma hemi pelve feminina concluídas por instruções e observações dos técnicos Thiago e Lívia. Todas tiveram procedimentos lineares padrão de dissecação com o uso de instrumentos anatômicos.
MATERIAIS E MÉTODOS
● Jaleco
● Luvas de nitrila
● Bandeja
● Pinça anatômica dissecação
● Pinça anatômica histológica
● Tesoura íris
● Bisturi
● Álcool isopropílico
● Papel Toalha interfolhado
PROCEDIMENTO E DISCUSSÕES
- PEÇA ANATÔMICA: FÍGADO
O fígado é o maior órgão sólido do corpo humano, localizado na região superior direita da cavidade abdominal, abaixo do diafragma e acima do estômago. Ele apresenta duas faces principais: a face diafragmática, voltada superiormente, e a face visceral, voltada inferiormente, onde se encontram as principais estruturas relacionadas ao hilo hepático. O órgão é dividido em dois lobos principais, direito e esquerdo, além dos lobos acessório caudado e quadrado. A vesícula biliar, que atua como reservatório da bile, está aderida à face visceral, entre os lobos direito e
quadrado.
As principais estruturas do hilo hepático que podem ser identificadas durante a dissecação são:
– Veia porta hepática: Responsável por trazer sangue rico em nutrientes do trato gastrointestinal.
– Artéria hepática própria e seus ramos direito e esquerdo: Fornecem sangue oxigenado ao fígado.
– Ducto hepático comum: Transporta a bile produzida no fígado.
– Ducto cístico e ducto colédoco: Relacionados à drenagem da bile para a vesícula e intestino delgado.
– Artéria cística: Vasculariza a vesícula biliar.
Além disso, o fígado está envolto por uma fina cápsula de tecido conjuntivo (cápsula de Glisson), que recobre toda a superfície do órgão.
A dissecação foi realizada com ênfase na face visceral, buscando expor os principais vasos e ductos do fígado. Inicialmente, foi feito um corte horizontal no diafragma de aproximadamente 1,5 a 2 cm, permitindo visualizar os ligamentos de fixação e a peça por completo.
Na sequência, procedeu-se com a remoção da gordura superficial aderida ao fígado, utilizando a pinça anatômica com a mão esquerda para tracionar e a tesoura íris na mão direita para realizar cortes delicados. Esse processo foi fundamental para limpar o campo e destacar as estruturas anatômicas de interesse.
Posteriormente, realizou-se a remoção da cápsula conjuntiva, separando cuidadosamente os tecidos até expor os elementos do hilo hepático. A pinça foi empregada em movimentos suaves detração, sempre apoiada na superfície do órgão, enquanto a tesoura era usada para dissecar e liberar os vasos e ductos. Esse método permitiu identificar a veia porta, a artéria hepática e seus ramos, assim como o ducto hepático comum e suas ramificações com o ducto cístico e colédoco.
Durante o procedimento, a vesícula biliar foi destacada pela dissecação da artéria cística e do ducto cístico, o que possibilitou visualizar sua íntima relação com a bile e seu escoamento para o colédoco.
2. PEÇA ANATÔMICA: CONJUNTO DE SISTEMAS – PÂNCREAS, ESTÔMAGO E DUODENO
O conjunto anatômico formado por pâncreas, estômago e duodeno foi dissecado com o intuito de estudar a relação funcional e estrutural entre os órgãos do sistema digestório. Os três órgãos estavam conectados, o que possibilitou a observação da continuidade anatômica entre eles.
Estômago: Localizado entre o esôfago e o duodeno, apresenta forma de bolsa dilatada com duas curvaturas (maior e menor). Divide-se em regiões (cárdia, fundo, corpo e piloro) e é responsável pela digestão inicial de proteínas, através da ação do ácido clorídrico e enzimas gástricas.
Duodeno: Primeira porção do intestino delgado, com cerca de 25 cm. Recebe o quimo do estômago e secreções do pâncreas e fígado (via ducto biliar). Possui íntima relação com o pâncreas, fundamental para a regulação digestiva.
Pâncreas: Glândula mista, situada retroperitonealmente. Atua como glândula exócrina (produção de enzimas digestivas) e endócrina (produção de insulina e glucagon pelas ilhotas pancreáticas). Apresenta cabeça, corpo e cauda, estando em contato direto com o duodeno.
O procedimento foi iniciado com a remoção da gordura peripancreática, utilizando tesoura íris e pinça anatômica para tracionar e separar o tecido adiposo da superfície do órgão. Essa limpeza foi essencial para a visualização das vias exócrinas e da textura característica do pâncreas.
Na sequência, a superfície externa do estômago foi analisada, permitindo distinguir suas curvaturas e a disposição das camadas musculares externas. O duodeno, em continuidade com o estômago, também foi observado, destacando-se sua proximidade com o pâncreas, fundamental para a função digestiva conjunta.
A manipulação foi realizada sempre de maneira delicada, com auxílio da pinça para tracionar os tecidos e do bisturi em cortes pontuais, evitando lesões estruturais importantes. O conjunto final, após a dissecação, evidenciou de forma clara a disposição anatômica desses órgãos acessórios e principais do sistema digestório, ressaltando sua interdependência funcional.
3. PEÇA ANATÔMICA: HEMI PELVE FEMININA
A hemi pelve feminina corresponde à metade da pelve, composta pelos ossos do quadril (ílio, ísquio e púbis), além de estruturas associadas como ligamentos, vasos e musculatura adjacente. Esta peça é fundamental para o estudo da anatomia ginecológica, obstétrica e locomotora.
A pelve feminina apresenta maior abertura do estreito superior, arco subpúbico mais alargado e ossos mais delicados em comparação à pelve masculina, características adaptadas ao parto.
Os ligamentos sustentam e estabilizam a articulação sacroilíaca e a sínfise púbica. Entre os principais, destacam-se o ligamento sacroilíaco, sacrotuberal e sacroespinhoso.
A região é irrigada principalmente pelos vasos ilíacos, responsáveis pela vascularização dos membros inferiores e de parte da pelve. Além de inserções importantes de músculos glúteos e do assoalho pélvico, que conferem suporte aos
órgãos pélvicos.
A peça anatômica da hemi pelve feminina foi entregue para dissecação com o objetivo de explorar as principais estruturas ósseas, musculares, vasculares e ligamentares da região. O procedimento foi realizado de forma sistemática, iniciando pela identificação das estruturas superficiais e remoção de tecidos que dificultavam a visualização.
O uso da pinça histológica foi essencial para manipular e separar com precisão os vasos e ligamentos, especialmente os vasos ilíacos, que se apresentavam evidentes na região. A dissecação foi acompanhada pelo uso da tesoura anatômica e do bisturi, instrumentos fundamentais para retirar camadas musculares e expor estruturas internas.
Na sequência, parte da musculatura do glúteo foi removida cuidadosamente, permitindo observar com maior clareza a inserção óssea e a disposição da articulação da pelve. Também foram retirados pequenos excessos de tecido conjuntivo e ligamentos adjacentes, de modo a expor a estrutura óssea com nitidez. O procedimento resultou em uma peça limpa, que permitiu identificar de forma prática a anatomia pélvica feminina, evidenciando a relação entre osso, vasos e ligamentos da região.
CONCLUSÃO
Todo o procedimento seguiu as normas padrão de segurança, com uso de jaleco de manga comprida, calça, sapato fechado e luvas de nitrila. Para o manuseio das peças anatômicas foram utilizados instrumentos adequados de dissecação, como pinça anatômica, tesoura íris e bisturi de lâmina nº 15 acoplado ao cabo nº 3. As práticas foram realizadas em laboratório fechado, em bancada equipada com suporte de iluminação, produtos de limpeza, bandeja e assento apropriado, garantindo condições seguras e eficientes de trabalho.
A dissecação foi conduzida de forma gradual, com encontros semanais, permitindo o aperfeiçoamento progressivo das peças até que atingissem a forma adequada para o uso em aulas práticas no departamento de anatomia. Ao término de cada sessão, o material biológico era devidamente armazenado em suportes de proteção e, quando necessário, preservado em solução à base de glicerina, assegurando a integridade e durabilidade do exemplar.
O preparo e a dissecação cuidadosa dessas peças não apenas preservaram a integridade estrutural dos órgãos, como também permitiram uma associação direta entre os conteúdos teóricos vistos em sala de aula e a observação prática das estruturas. Dessa forma, o material produzido representa uma ferramenta de grande valor didático para o aprofundamento do estudo anatômico.