Dissecação de Fígado, por Amanda Figueiredo Lenz
Introdução
O presente projeto de extensão tem como finalidade proporcionar aos estudantes uma vivência prática e aprofundada nas técnicas anatômicas aplicadas à dissecação de órgãos e membros, visando enriquecer sua formação acadêmica por meio da experiência direta com estruturas anatômicas reais.
O órgão foco deste relatório é o fígado. Sendo assim, o fígado é a maior glândula do corpo humano, com localização intraperitoneal na região do hipocôndrio direito, estendendo-se até o epigástrio. Está situado abaixo do diafragma e acima do estômago, do duodeno e do cólon transverso, sendo mantido em posição por ligamentos como o falciforme, coronário e triangular.
O fígado é irrigado principalmente pela artéria hepática própria, um ramo da artéria hepática comum, que por sua vez se origina do tronco celíaco. A veia porta hepática também desempenha um papel crucial na irrigação do órgão, trazendo sangue rico em nutrientes provenientes do trato gastrointestinal. A drenagem venosa é realizada pelas veias hepáticas que desembocam diretamente na veia cava inferior.
Materiais e métodos
Os materiais utilizados foram:
● Bisturi
● Tesoura iris
● Pinça anatômica com ponta fina
● Pinça anatômica com ponta grossa
Dissecação e resultados
Inicialmente, após conversar com o técnico Thiago e receber instruções prévias, utilizei uma pinça anatômica para tracionar e remover cuidadosamente a camada superficial de tecido conjuntivo que recobre o diafragma, a fim de expor a musculatura diafragmática. Em seguida, realizei uma incisão ao longo do diafragma, estendendo o corte até a borda superior do fígado, de modo a delinear o contorno hepático e facilitar a visualização da anatomia da superfície superior do órgão. Na sequência, concentrei-me na região onde se localizam os vasos sanguíneos e os ductos biliares. Com o auxílio de uma tesoura íris, foquei em descolar o tecido conjuntivo que envolve as artérias hepáticas, aplicando a técnica demonstrada pelo técnico Thiago: inserir a tesoura fechada sob a região desejada e, em seguida, abri-la cuidadosamente para promover a separação do tecido. Após repetir esse movimento algumas vezes, utilizei o bisturi para realizar incisões mais precisas, com o objetivo de abrir o tecido e possibilitar o estudo detalhado da localização e disposição dos vasos sanguíneos relevantes. Durante essa etapa, também foi realizada a remoção da gordura perivascular e da gordura ao redor da vesícula biliar, do ducto cístico e do ducto colédoco, o que permitiu a visualização clara do ducto hepático comum. Ressalta-se que o ligamento falciforme foi devidamente preservado, mantendo-se íntegro e em posição anatômica. Por fim, procedi com a limpeza final da peça anatômica, removendo os acúmulos de gordura remanescentes e descolando a camada superficial dos lobos hepáticos na face posterior. Essa etapa possibilitou uma exposição mais completa das estruturas vasculares posteriores, facilitando a observação e identificação das ramificações venosas e arteriais presentes nessa região do fígado. Durante todos os dias dedicados à dissecação, repeti esses mesmos procedimentos com cuidado e precisão, até que todas as estruturas anatômicas de interesse estivessem devidamente expostas e identificáveis de forma clara e objetiva. Nas imagens abaixo, observa-se uma diferença anatômica significativa, sendo possível identificar estruturas com maior clareza. Tais imagens foram registradas após a conclusão da dissecção.
Imagens:
Imagem 1 – Visão anterior do fígado com presença do diafragma, após dissecção completa.
Imagem 2 – Fígado Dissecado: vista posterior com evidência das estruturas anatômicas.
Conclusão
Ao longo da dissecação, tive a oportunidade de aprender mais profundamente sobre a complexa rede de artérias e veias que irrigam o fígado, compreendendo melhor como essas estruturas garantem a integridade e o funcionamento adequado do órgão. Foi uma vivência que foi além da teoria, permitindo enxergar de perto aquilo que antes era apenas visualizado em livros e aulas. Essa experiência também me ajudou a revisar e reforçar conhecimentos sobre o sistema digestivo, tornando o aprendizado muito mais concreto e significativo. Ao acompanhar o desenvolvimento da dissecação, desde o primeiro contato com os materiais até a visualização de estruturas mais detalhadas, pude perceber como cada etapa revela algo novo e essencial sobre a anatomia humana. Ver o fígado, inicialmente com suas formas mais simples, se transformar aos poucos em um objeto de estudo tão rico em detalhes e importância, despertou ainda mais o meu interesse pela área. Sou muito grata pela oportunidade de ter participado deste projeto e espero continuar contribuindo com atividades que unam teoria e prática, promovendo ainda mais o aprendizado e a valorização das ciências morfológicas.